A cabeça latejou a noite toda. O corpo também. Saio as ruas, não vejo, não cheiro, não escuto... as pessoas não estão ali presentes. Estão encapsuladas em moldes e formas, de sentir e ver e tocar e interagir. Duro. Brutal. Comodidade de uma sociedade estranha sem entranhas.
Devo sentir como o outro, mesmo que a preciosidade do desejo e do pensamento seja intimo e impossível de ser atingido. Temos e é único. Mas tudo é externalizado e vazio, sem cheiro, sem gosto, sem tato. Ao mesmo tempo encaixotado hermeticamente.
Desço as escadas de onde vivo e sempre penso que quando ao abrir a porta do prédio, já estarei numa batalha poética, explosiva , agressiva que é ser e se assumir , nua de mascaras. Fatiga, a tenho. Mas não cesso de agir. As minhas opções agridem pessoas próximas. O simples jeito que me alimento, como me transporto de um lugar para o outro nesta cidade, como olho pras pessoas, e como demonstro meus desejos e vontades, agride. Mas alguns não, aqueles próximos íntimos com quem troco e escambo o dia-a-dia, o cotidiano de pensamentos e essa batalha. Aos amigos. Agradecida, verdadeiramente pela vossa existência, por abrirem seus odores, dores, alegrias, e pele, e gritos incomuns e orgânicos.
As cápsulas herméticas serão rompidas?
Só de respirar você oxida. Estamos expostos ao tempo. Bonito.
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