segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A ilusão da queda

Caímos. Dia após dia. Por períodos longos ou curtos. Conscientemente ou não.
Mas, caímos?
Se você resolveu continuar esta leitura mesmo depois que o verbo "cair" foi pontuado duas vezes seguidas e diferentemente, pode ser um bom sinal. Um sinal de que a certeza da queda pode não existir  de fato para você.
O mundo em que escolhemos viver nos faz uma proposta simples e sedutora a todo instante, sussurrando docemente para reunirmos condições propícias e intermináveis que gerem o nosso prazer imediato. E é aí que somos levados!
Muito menos pela condição natural de todas as coisas do que pela nossa própria avidez diante dos objetos que nos movem, olhamos e não percebemos que o início de cada processo já contém em si mesmo o seu final. Mas o mais grave é não sermos capazes de perceber nosso apego a esse ciclo.
Definitivamente (eis aí uma grande notícia) devemos olhar para as nossas vidas e diferentes caminhos com muita alegria, amor e fazer de cada etapa uma fonte de realizações e prosperidade. Contudo, se pudermos ir além disso teremos a oportunidade de observar como as coisas nascem, e que para vivermos dentro dessa tal "construção" é preciso apenas lucidez.
A pessoa lúcida percebe a verdade oculta de todas as coisas no próprio ato em que a vontade é soberana. O ser consciente enxerga que não existe queda porque não existe chão! Ora, quantas e quantas vezes passamos por situações de profunda tristeza e angústia e algum tempo depois estamos de pé, prontos para a próxima etapa? Quantas vezes a dor pareceu ser dilacerante e desmanchou-se no ar? Mesmo não sabendo agíamos com uma dose de lucidez e entendimento inatos que, agora, bem entendidos e treinados só poderão nos fazer bem.
A ironia de tudo isso é que mesmo quando não conseguimos nos levantar, também não paramos de cair (!). Aqui está mais uma prova de que não há chão... e se não houver chão, não há porque temer. E se não há porque temer, não haverá queda.
Longe de ser simples, esse esquema precisa ser levado ao ponto onde não realizamos construções, ao lugar de onde tudo vem e para onde tudo vai. Paremos por alguns instantes e contemplemos que, apesar da nossa sujeição à impermanência e à noção constante de queda, olhamos para os machucados e, gloriosamente, seguimos.
Essa é uma das mais importantes e enriquecedoras práticas de vida e nos trará benefícios na mesma medida em que levar a nossa mais positiva energia para o mundo. Melhor do que perceber a queda é identificar aquilo que parece nos derrubar.

Boa semana a todos!

Este texto é uma colaboração para o Instituto Aline Pastori
www.institutoalinepastori.com.br

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